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Reflexões sobre a assistência em saúde mental

Saúde mental é um termo usado para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional. É o equilíbrio dos indivíduos, entre os conteúdos internos e as exigências externas. Sendo, portanto, o termo mais utilizado atualmente, onde se busca resgatar a autonomia do sujeito e valorizar suas potencialidades.

O conceito de saúde mental mudou muito ao longo dos tempos, como afirmara Michel Foucault (1926-1984), os conceitos são e serão sempre histórica e culturalmente construídos, de acordo com o contexto vivido.
O que atualmente se denomina “surto psicótico”, já foi entendido como manifestação divina, possessão demoníaca, bruxaria, subversão da ordem social e, a partir do século XVIII, como doença.

Paralelamente, as mudanças de concepções, foram mudando também as formas de lidar com o indivíduo em sofrimento psíquico, que variam desde a relativa aceitação social, passando pelo enclausuramento nos asilos – instituições com propósito de exclusão, sem tratamento especializado – até os dias atuais, em que os tratamentos buscam a inclusão social, resgatando a autonomia do sujeito e melhoria em sua qualidade de vida.

A reforma psiquiátrica tem como principal característica a reivindicação da cidadania do sujeito em sofrimento psíquico, tendo como estratégias o questionamento e a elaboração de propostas de transformação do modelo clássico e do antigo paradigma da psiquiatria.

Todavia, essa transformação será obtida através da desinstitucionalização, que pretende desmontar a lógica manicomial, propondo uma reorientação global, completa e complexa da ação terapêutica. Significando que o tratamento, além de fármacos e psicoterapias, será auxiliar no processo de construção de possibilidades para o usuário em saúde mental.

Os serviços de assistência em saúde mental vêm estimulando a capacidade de autonomia dos usuários, através de ações que integram o usuário à comunidade, proporcionando possibilidades para que se estabeleçam laços sociais, como também estimular uma nova visão social acerca do usuário em saúde mental, onde seja possível conviver harmoniosamente com as diferenças.

A reforma psiquiátrica mostra que a clínica está em constante reconstrução, criando novas ideias para a atuação no tratamento dos indivíduos em sofrimento psíquico, conseguindo com que estes diminuam a frequência das internações.

A rede de assistência em saúde mental visa o auxílio na promoção do desempenho social, no resgate do direito à cidadania e na observação do usuário numa dimensão subjetiva e sociocultural, promovendo, assim, uma melhoria em sua qualidade de vida.

Dessa forma, o papel da rede de assistência será o de funcionar como agente intermediário no processo de inclusão, não sendo imposto um critério único, mas adequando-se dentro da realidade e potencialidade de cada usuário.

No entanto, para que a rede de assistência em saúde mental funcione adequadamente, é necessário que os profissionais tenham uma visão biopsicossocial do sujeito em sofrimento mental, praticando a escuta, o esclarecimento, evitando estigmatizar e estimulando – sempre que possível – a corresponsabilidade do usuário no tratamento.

Contudo, a saúde mental precisa de profissionais capacitados técnica e emocionalmente, para oferecer uma assistência de qualidade às pessoas em sofrimento mental.